sábado, 7 de março de 2009

Análise Crítica do Filme Adeus Lenin!


A mentira através da manipulação das imagens é um dos temas do filme Adeus Lenin! E é o qual irei trabalhar. Os personagens do filme são falsários do bem, pois todas as mentiras do filme são para fazer o bem á outra pessoa. Exceto a comemoração dos 40 anos da República Democrática da Alemanha (RDA ou DDR, Deutsche Demokratische Republik ou DDR), que é uma verdade falsa e prejudica a população com as proibições e a falta de liberdade em vários sentidos. Alex o personagem principal, manipula de uma forma excepcional as imagens de uma Alemanha Socialista falsa, que passa a fazer parte da realidade de sua família, afetando-os. Suas mentiras acabam fazendo parte de sua realidade, talvez por ser filho de “falsários”, sua mãe que mente para ele a vida toda sobre seu pai, muitas inverdades são contadas no filme fazendo uma metáfora com o próprio cinema, que é um criador de realidades, feito pelos maiores falsários, os cineastas, que sobrevivem contando mentiras, Orson Welles é uma prova disso.O filme se passa no último suspiro da extinta Alemanha Oriental (socialista), entre o fim dos anos 80 e início dos anos 90, país dependente da extinta União Soviética. No filme, é mostrado através de cenas “reais” misturadas com cenas “fictícias”¹, a comemoração dos 40 anos da República Democrática da Alemanha (RDA ou DDR, Deutsche Demokratische Republik ou DDR). Nessas comemorações, são mostrados tanques, soldados, chefes de estado (Socialista), mostrando através das imagens um poder inexistente, de um país “forte”. A população como é mostrada no filme, não agüentam mais esse tipo de manipulação feita pelo governo, mostrando a satisfação e força que o país possuía, na verdade o país deixou de existir em apenas alguns meses após essas comemorações. Essas imagens que o mundo via dessa Alemanha era uma forma de poder, que com isso ficava difícil distinguir o real do falso, o povo “sabia” que aquilo era falso, mas não tinha como se manifestar contra, por haver uma grande repressão, por isso a queda do muro da discórdia e o anexo das Alemanhas ocorreu muito rápido. A Alemanha Oriental em conjunto com a União Soviética, foi responsável por enviar o cosmonauta Sigmund Jähn ao espaço, na época da Guerra Fria (Socialismo X Capitalismo). Jähn é o herói de Alex, ele alimenta o sonho de Alex de se tornar um cosmonauta e o sonho uma vida melhor, a busca de algo inatingível em um país que pouco pode fazer por ele (Alex). Mas esse herói, que foi á inspiração de Alex na sua infância e talvez na sua vida, perde a sua função de herói quando Alex o vê ao lado de um taxi, como um simples motorista. Todo aquele mito criado em torno de Sigmund Jähn acabou naquele momento, e ele se tornou um falso herói, uma simples ficção, como um personagem que habitava a mente de Alex em seus sonhos e suas lembranças, que podem de certa forma ser falsas já que o herói não existe mais.Christine Kerner (Mãe) é uma falsária junto com Alex, talvez mais que ele, pois ela mente sobre o pai de Alex², fazendo com que ele pense de uma forma que nunca pensaria sobre seu pai, caso a verdade fosse dita. Alex perdeu o seu amor por seu pai, mesmo quando sabe a verdade continua com o mesmo sentimento, após vários anos acreditando em uma mentira. Mentira que fez parte de sua vida e se tornou uma verdade para ele e sua irmã Ariane, Alex perdoou sua mãe, sabe que ela mentiu pelo mesmo motivo que ele mente para ela, por amor. Alex vê sua mãe como uma pessoa boa, que fez tudo aquilo para protegê-los e pelo amor que sente por eles, é o mesmo motivo que faz ele, mentir para ela sobre a queda do socialismo em seu país. Alex parece mentir para sua Mãe para protegê-la, mas não só por isso, para criar uma nova realidade do mundo que ele vive, para poder sentir algo que foi perdido, parece muito uma nostalgia que Alex quer fazer através da mentira para poder vivenciá-la novamente, ou mesmo para poder vivenciar algo que ele queria viver mas que lhe foi tirado. Alex tem uma visão de seu Pai (Robert Kerner), completamente influenciada por sua Mãe, quando Ariane diz a Alex que viu seu Pai no emprego, Burguer King, ele logo imagina um homem extremamente gordo sentado em uma piscina comendo hambúrguer como um porco. Ele tem uma visão ruim de seu pai, uma falsa visão construída pelo sentimento que sua Mãe o fez acreditar, caso ele soubesse a verdade seu sentimento e sua imaginação sobre esse pai que supostamente fugiu com outra mulher, seria completamente diferente. Uma inverdade pode mudar complemente a visão de uma pessoa sobre um assunto, como de Alex, essa inverdade é muito poderosa para que o use em outra pessoa, faz com que sua vida, sua opinião, seus valores mudem, mas essas mudanças dependerão da inverdade ou verdade contada àquela pessoa. Em uma cena Alex está com seus “irmãos” (filhos de seu Pai com outra mulher), assistindo João Pestana, onde ele é Astronauta, e seu Pai chega à sala e diz: Meus Ursinhos. Alex olha para seu Pai que senta no sofá, seu Pai descobre quem ele é, nesse momento ocorre o maior retorno ao passado do filme, ele vive algo que lhe foi tirado quando pequeno, a sua infância com seu Pai. É como se ele tivesse vivido aquilo com seu Pai, e estivesse relembrando, mas ele vive apenas naquele momento. Quando a Mãe de Alex fica em coma por 8 meses, cai o muro da discórdia e a Alemanha Oriental (Socialista) país onde ela reside, é anexada a Alemanha Ocidental e tudo o que ela acreditava passa a não existir mais. Alex descobre que sua Mãe não pode sofrer uma emoção forte, pois ela poderia sofrer outro ataque e vir a falecer. Alex decide levá-la para casa onde ela estaria segura, e não ficaria sabendo sobre o muro. Ele arruma sua casa exatamente como era antes dela ter o ataque, na sua casa Alex cria um mundo á parte, como ele mesmo diz: “A Alemanha Oriental criada para a Minha Mãe era a que eu havia sonhado”, todos ao redor começam a contribuir para a mentira de Alex, ajudando ele no que fosse necessário. Ele estava recriando um mundo não mais existente, criando da sua forma, mesmo que seja um mundo falso para todos que vêm de fora, é um mundo verdadeiro para sua mãe, para ele, pois eles vivenciam e acreditavam naquele mundo, que acabou se tornando parte de suas vidas. Criamos mundos onde vivemos, mundos que fazem parte da nossa “realidade”, Alex recriou um mundo para a sua Mãe, para o bem estar dela e até mesmo para ele. Em vários momentos do filme Alex se mostra um pouco nostálgico aquele mundo que agora não existe mais, ele quer viver junto com sua Mãe como na sua infância, onde eles sempre estavam juntos e um cuidava do outro, um tempo que se foi e que ele tenta recriar após ela sair do coma.Todos participam desse momento nostálgico de Alex, mesmo com algumas opiniões contra essa atitude de Alex, como de Ariane e Lara, Alex consegue criar e manter esse mundo novo em que sua Mãe está vivenciando. Alex acaba usando a mentira em vários momentos do filme, ele mente sobre o Pai de Lara, sobre o namorado de Ariane e em outros momentos, ele acaba criando um mundo “ideal” onde as pessoas são “melhores”, através da mentira e da inverdade. Esse mundo criado através de informações falsas prejudica a sua convivência em alguns momentos e também ajuda na convivência com sua mãe. Essas mentiras são muito parecidas com o que vivemos cotidianamente, mentimos para conseguir algo, usamos informações falsas ou que não são 100% verdadeiras para o mesmo motivo, não podemos saber até que ponto a mentira faz parte de nossas vidas, todos mentimos, até mesmo “o homem verídico é um falsário, já que oculta os motivos pelos quais quer o verdadeiro”³. Mas de certa forma aquele mundo criado por Alex, era um “mundo real”, sua casa muda após sua Mãe entrar em coma, mas quando ela volta, Alex arruma deixando como era antes. Pensando dessa forma é um mundo que já existia, mas que a partir daquele momento passou a ser diferente, o mundo ao redor mudou, mas Alex queria que seu pequeno planeta fosse o mesmo que antes, por isso não podemos dizer que esse mundo é falso e nem que é verdadeiro, é um mundo que pertence a essa dualidade. Denis é um falsário por natureza, ele sonha em ser diretor de cinema e ajuda Alex a criar essa nova Alemanha Oriental. Juntos eles criam vídeos que se confundem com a realidade, por usarem imagens reais e falsas, e informações reais e falsas para conseguirem manipular a imagem á seu favor. Eles recriam um jornal que passava na Alemanha oriental, no começo eles apenas passam reprises, mas depois aprendem a linguagem do jornal e passam a criar os seus próprios vídeos. Esses vídeos são uma metáfora com tudo o que se passa no filme e com o próprio cinema, são mentiras contadas de uma forma, que passamos a acreditar que aquele mundo possa existir. A manipulação de imagens que recebemos todos os dias na televisão são como essas imagens feitas por eles para dar mais realidade a esse falso mundo. A mentira deles é uma mentira impossível de ser contestada, pois o jornal tem a função de mostrar a “verdade”, é o que dizem, mas sua Mãe nunca imaginaria que Alex seria capaz de criar um jornal somente para ela, para omitir a informação de que o muro caiu. A manipulação de imagens através da mídia é algo que tem um poder muito grande sobre as pessoas, essas imagens podem mudar a opinião, mudar valores e ter vários efeitos sobre as pessoas que as vêem. O próprio filme Adeus Lênin! É feito de uma forma quase documental, com cenas reais e ficcionais juntas, que podem fazer um expectador pensar que aquilo foi real, não é, mas enquanto assistimos acreditamos fazer parte daquele mundo, que pode se tornar real a partir do momento em que acreditamos nele, as imagens não são a representação do REAL, me refiro a realidade pura, mas representam uma versão do REAL, um recorte de algo real.As mentiras no filme Adeus Lenin!, começam a ser reveladas no momento em que Alex encontra o picles Spreewald, que sua Mãe queria tanto. Alex passa o filme todo tentando achar um vidro vazio ou cheio desse picles, quando ele acha o vidro vazio na casa de Lara e dele, as verdades são reveladas. Sua Mãe revela a verdade sobre seu Pai, sua Mãe sai do quarto e vai até a rua e vê a nova Alemanha, mas ele consegue mentir de novo para ela. O picles Spreewald é o objeto das verdades e mentiras, tudo é revelado para todos, até mesmo sua Mãe descobre que não existe mais a Alemanha Oriental, pois Lara conta tudo a ela no hospital. Esse picles é como se fosse um ponto entre o real e o falso, enquanto Alex procura esse picles as mentiras de Alex dão certo, eles vivem nesse mundo falso onde tudo é possível. Mas quando Alex encontra esse picles as coisas começam a fugir de seu controle, as verdades são reveladas, tudo é revelado, e o mundo de possibilidades acaba. Alex revê seu pai, conhece o cosmonauta Sigmund Jähn e vê que ele não é aquele herói do passado, e por fim sua Mãe acaba falecendo e levando com ela esse mundo que ele havia sonhado. É como se fosse uma estrela que acabasse de morrer e levasse com ela os planetas, pequenos mundos que o rodeavam e que dependiam dela para poder sonhar e viver. O filme é uma aula sobre a vida, podemos aprender muito assistindo ele. Podemos perceber em até que ponto a verdade é falsa e o falso real, o filme é uma representação do “real”, apesar de ser uma ficção. Vivemos em um mundo criado por nós, um mundo que é diferente para todos, apesar de vivermos no mesmo mundo. Esse mundo falso ou real que criamos para nós, que pode parecer falso para outros, é o mundo que acreditamos fazer parte da nossa existência. As imagens mostradas no filme são imagens reais montadas com imagens fictícias, produzidas. Não sabemos até que ponto essas imagens fictícias, chamadas falsas, são realmente falsas. O mesmo podemos dizer sobre as imagens reais, que parecem tão falsas quanto ás fictícias, falsas pelo que elas representam, pelo que elas nos mostram e nos fazem refletir. O filme é feito de uma forma quase documental em alguns momentos, passando uma idéia falsa de realidade.² Christine Kerner diz a Alex e Ariane que seu pai fugiu com uma mulher Ocidental, algo que não é verdade, ele foi para o lado ocidental e esperou Christine ir com as crianças, o que não aconteceu. Christine não foi por medo de perder a guarda das crianças e mentiu para elas que seu pai tinha fugido, ela guardou essa mentira durante anos até que revelou a elas a verdade.³

DELEUZE, Gilles. Crítica e Clínica; tradução de Peter Pál Pelbart. São Paulo: Ed. 34, 1997.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

DELEUZE, Gilles. In: Imagem-Tempo: Cinema 2. Cap. 6: As Potências do Falso. p. 155-188. São Paulo: Brasiliense, 1990;COSTA DA SILVA, Josimey. In: Sobre o imaginário;TAVARES COSTA, Maria Teresa. In: A Potência do Simulacro;DELEUZE, Gilles. In: Crítica e Clínica. Tradução de Peter Pál Pelbart. São Paulo: Ed. 34, 1997.

Análise Crítica do Filme Os Narradores de Javé

JAVÉ E OS NARRADORES, NÃO ERA OS CONTADORES DE JAVÉ, ACHO QUE ERA OS JEVELIANOS NARRADORES, A TALVEZ SEJA NARRADORES DE JAVÉLICOS OU TESTEMUNHAS DE JAVÉ
Meu nome é Antônio Biá. E tenho uma história para contar a vocês, a história de um povo valente, um povo sofrido, que tem grandes histórias pra contar. A história se chama A Odisséia de Javé. Esta história se baseia em histórias contadas passadas para á historia escrita científica. Pois é na verdade que se baseia essa história, F for Fake, tudo que é contado é a partir de fatos reais, visto de maneiras diferentes. Chega de conversa e vamos começar.

Antônio Biá, eu, sou chamado para contar a grande história de Javé, história essa que o povo conta tornar essas histórias contadas, para história escrita, científica. A minha missão não é fácil, pois toda a história de Javé é de lembranças, invenções, mentiras, verdades. A invenção desse passado pode influenciar no futuro de Javé, uma “falsa” história, algo “não real", que se torna “real”, para os personagens que a contam e também para as personagens que ouvem. Esse tema de Narradores de Javé, é uma metáfora com toda a nossa história ocidental e oriental, não sabemos ao certo até que ponto, o que aprendemos na sala de aula é “real”. Os personagens das histórias se tornam mitos, cada vez que o mencionamos, a verdade é modificada, mesmo que na verdade, os fatos reais sejam diferentes, esses fatos que escutamos, se tornam reais, pois acreditamos neles, a partir desse momento é que uma mentira se torna real. Temos que saber até que ponto uma mentira é real? E até que ponto uma verdade é mentira? Isso ninguém pode responder é claro.
Na grande história de Javé, conhecemos os mitos, como Idalécio ou Idalício ou Idaléo e Maria Dina ou Oxum. Esses mitos foram criados a partir das histórias é claro, toda vez que alguém conta uma história em Javé ela é diferente, mas não é mentira, o povo sabe várias histórias do mesmo personagem, a partir desse momento é que nascem os mitos.
Toda vez que uma história cita um personagem, mesmo em histórias diferentes ou parecidas, o mito diante deste personagem se fortifica, se torna algo que não podemos explicar, algo que permanece na mente do povo e que mantém uma “vida” através de histórias, se torna um mito.
As histórias de Javé se tornam verdades a partir do momento em que são contadas e não questionadas. Como assim? Essas histórias são contadas de várias formas diferentes, mas que se parecem um pouco entre si. Se as histórias são falsas não sabemos, e não importa saber, o que importa é que a partir do momento em que alguém acredita nelas e as conta para outra pessoa elas passam a ser reais, passa a fazer parte da vida de uma pessoa, vida essa que carregará e irá garantir a vida dessas histórias. A própria história contada por Zaqueu pode ser falso, ele começa narrando a grande história de Javé, onde Antônio Biá, irá escrever de forma científica, as narrações, histórias contadas pelo povo, essa história que vimos no filme pode ser uma história “falsa” sobre a história de Javé, mas ela se torna “verdade”, pois acreditamos nela.
A mentira e a verdade são fontes de salvação, pois todas as histórias têm um pouco de cada uma delas. Não existe uma história verdadeira, uma história real, e sim fatos que a tornam reais. As mentiras se tornam reais e pode sim ser usado como fonte de salvação, para o bem e para o mal, no filme o povo de Javé quer usar a "mentira" ou a "verdade", para salvar a sua "cidade". Algo não alcançado, pois as histórias se confundem, cada um tem uma versão sobre as histórias da fundação da cidade, ficando difícil para Antônio Biá "escrever de forma científica", alguma história sem favorecer nenhuma das histórias contadas. São tantas histórias que elas foram feitas mesmo para ficarem na boca do povo, e para serem contadas através das gerações e não para ficar em um livro, como se fosse á única fonte da verdade sobre a grande história de Javé.
O grau de intensidade das várias "verdades" contadas sobre a mesma história, é impossível saber ou definir. Pois essas histórias não foram contadas para serem grandes verdades, e sim para serem contadas. Cada um da sua forma, do seu conhecimento sobre essa história, que unidas não formam uma só história, mas que separadas alcançam uma intensidade que formam diversas histórias "verdadeiras", interessantes sobre o mesmo assunto.
Concluindo, o filme Narradores de Javé, conta a história de um povo que gosta de contar histórias, verdadeiras ou falsas, histórias essas que mantêm uma tradição, que faz com que o povo as viva em suas mentes criativas. Mentes que são capazes de guardar por gerações uma tradição, uma história de sua origem, que mantêm esse povo unido por contarem a mesma história, cada um da sua forma e sua versão.
FIM DA ODISSÉIA DE JAVÉ – PRIMEIRA PARTE.
HAVERÁ CONTINUAÇÃO?
BIBLIOGRAFIA
A Imagem Tempo – (06) As Potências do Falso – Gilles Delleuze.


Análise Crítica do Filme Cidade Baixa

O filme cidade Baixa conta a história de Deco (Lázaro Ramos) e Naldinho (Wagner Moura) que se apaixonam por Karinna (Alice Braga), quando dão carona de barco para ela, para ir ate Salvador. Ambos fazem “amor” com ela durante a viagem, mas ambos amigos se apaixonam por ela após esta viagem. Na cena inicial onde eles a encontram na lanchonete e acabam oferecendo carona a ela, percebemos que o caminho dos três é ficarem juntos, pois o acaso os junta novamente, quando Naldinho é esfaqueado e eles estão tentando arrumar ajuda eles a encontram no meio do caminho, após esta cena ambos jovens vão ficar com ela durante todo o filme.Esses jovens se mostram durante todo o filme como pessoas sem um local fixo, eles se mostram nômades, isso é mostrado em Deco e Naldinho através do barco deles, que os levam para onde tem um frete, que seria como uma casa para eles. E isso é algo que eles procuram fugir durante o filme, pois Deco arranja um emprego como lutador de boxe e Naldinho que consegue uma casa para morar com Karinna, no final do filme os fazendo ficar na cidade, pois o filme termina com os três na casa de Naldinho.O mar nos indica algo, esse mar indica o espírito explorador desses jovens, que passam o filme todo fazendo coisas novas e mudando sua vidas. Como quando Naldinho faz o assalto na farmácia, quando eles acabam disputando Karinna durante todo o filme, mas principalmente na cena onde eles brigam, já que eles mesmos dizem que a amizade está acima de qualquer buceta. Karinna também acaba explorando algo, que é quando ela decide ficar com os dois e cuidar deles, ao invés de ir embora, em duas cenas ocorre isso, quando Naldinho foi esfaqueado ela deixa a sua carona ir embora para ajudá-los e no fim quando ela diz que vai embora com sua “amiga” para deixá-los. O mar também é mostrado como uma mudança, pois em vários momentos do filme é mostrado barcos, mar e quadros com cordas de nós de marinheiros, e quando aparecem essas cenas algo de bom ou ruim entre eles acontece. O barco Dany Boy de Deco e Naldinho, é onde eles acabam se apaixonando por ela, e em outras cenas eles acabam tendo relações, na casa de Naldinho onde eles acabam ficando juntos no final do filme existe um quadro de cordas de marinheiro, no navio onde elas estavam fazendo programa, Karinna finge um ataque e o marinheiro dá dinheiro a eles. E o momento ruim onde ela vê um marinheiro se matar no banheiro do navio onde ela estava fazendo o programa. E para finalizar, os personagens se mostram pessoas que estão afim de fazer de tudo para conseguirem seus objetivos em vários momentos podemos ver isso, quando Karinna aceita fazer um programa com eles por uma carona, na cena em que Naldinho aceita assaltar a farmácia para conseguir dinheiro e Deco que aceita a perder uma luta de boxe por dinheiro, e amizade de Deco e Naldinho que é abalada por esse sentimento que ambos sentem por Karinna.

Análise Crítica do filme A Professora de Piano


O filme A Professora de Piano é um filme que trabalha com a violência na imagem, pois ao longo do filme a personagem Principal Érika, vai utilizando seu corpo em algo que julgamos uma agressão.
Uma cena, que talvez passe um pouco despercebido, é a cena em que Érika chega em casa e briga com sua mãe, até aí tudo bem é algo normal, mas ela agride sua mãe fisicamente, algo que pode deixar o espectador moralmente perturbado, pois isso fere com os valores morais da sociedade a qual vivemos. Em outras cenas do filme, Érica vai violentando seu corpo, como exemplo posso citar a cena do banheiro, em que (pelo que eu entendi da cena), Érika pega uma gilete e introduz em sua genitália, para lhe causar prazer, ou mesmo como uma auto punição.Um outra cena que causa um mal estar, “que é uma maneira pela qual a imagem cinematográfica pode agredir a sensibilidade do espectador”¹, cena em que Érika entra em uma cabine de um cinema pornô, mais freqüentado por homens, ela escolhe um vídeo onde uma mulher faz sexo oral com um homem, Érika pega um papel que fora usado por um homem para se limpar após ejacular, ela sente prazer ao cheirar este papel enquanto assiste ao vídeo. Essa cena é talvez a mais perturbadora do filme, pois ela causa enjôo no espectador ao assistir essa cena, é uma cena forte e ao mesmo tempo inimaginável que alguém em sã consciência iria fazer algo desse tipo.A cena em que o aluno (namorado) de Érika lê o papel para ela é uma cena que assusta ao espectador, como também ao aluno de Érika, assusta pólo conteúdo escrito nesse papel. Conteúdo em que Érika impõe regras no relacionamento amoroso entre ela e seu aluno, “regras que não são normais em casais comuns”, ela pede para ela bater nela e outras coisas “fora do comum”. Em uma cena adiante a esta, em que seu aluno sai da sua casa bravo com ela, Érika é violentada como “estava” escrito na carta, as cenas chocam pela violência na imagem, um homem batendo violentamente em uma mulher, algo que a sociedade julga como errado, e se fosse em um filme comum esse homem certamente seria condenado, preso ou alguma outra coisa ruim iria lhe acontecer, que não acontece. O que ocorre é que ele continua como estava, só que sem o amor de Erika que lhe foi negando durante todo tempo, e Érika se auto-pune no final da história, enfiando a faca em si mesma, fica em aberto o que aconteceu com ela.O filme mostra a história de uma pessoa que não tinha um bom relacionamento com outras pessoas, e nem consigo mesma, ela se auto punia, por prazer ou mesmo por punição, era uma pessoa que ao mesmo tempo era impulsiva e também completamente controlada, sua personalidade estava nos dois extremos, esse filme mostra a violência na imagem, onde valores morais da sociedade são quebrados, que pode chocar aos que acreditam nesses valores.¹
ESTRUTURAS DA AGRESSÃO – NOEL BURCH (Pg. 150).
Referencia Bibliográfica
BURCH, Noel. Práxis do cinema. São Paulo: Perspectiva, 1992. Cap. 8 – Estruturas da Agressão (Pg. 149-163).

Análise Crítica do filme O Homem que Copiava

Como fugir do simbologismo, e da importância social que o dinheiro impõem dentro de nossa sociedade? Se utilizando do filme O Homem que Copiava.No início do filme o personagem principal quer comprar comida e alguns itens que seriam tidos como primordiais dentro de nossa sociedade, quando a carne acaba por ultrapassar o dinheiro que ele tem. Nesse contexto o dinheiro já limita as coisas primordiais, e leva o personagem a ter algumas situações já embaraçosas. A falta de dinheiro aqui já nos coloca e já mostra o lugar e a limitação que o dinheiro em si já coloca.Na próxima cena e durante os créditos, o dinheiro é queimado, aqui como uma espécie de contradição. O mesmo homem que não tem dinheiro para a suas necessidades básicas acaba por queimar uma grande quantidade de dinheiro. Quando perguntam, se alguém é louco, logo perguntam: “ta queimando dinheiro?”. Neste ponto já demonstramos que o apego ao dinheiro já é algo muito ligado a nossa convivência como ser humano, dentro de uma sociedade pós-moderna, como diria Jair Ferreira dos Santos.Ainda no início ele explica o seu papel dentro do seu trabalho, ele em cinco minutos, explica todos os detalhes do que é seu trabalho. Marx já dizia que trabalhamos em trabalhos que não gostamos para poder comprar as coisas que farão parte do nosso próprio cotidiano, quando André diz que seu emprego é uma grande merda, a explicação de Marx se torna válida.Com a pós-modernidade passamos a nos interessar pela simbologia das coisas, ás vezes, mais que das coisas em si. Neste ponto André diz e imagina as coisas que compraria com o dinheiro, ele não cita essas coisas, e não representa uma vital necessidade, até que é necessários 38 reais para poder comprar uma peça de roupa. Aí se encontra um outro ponto do filme, a peça de roupa representa o possível relacionamento entre André e Silvia, e não a peca em si.Ambos estão presos a simbologia, não só do dinheiro, mas do poder e das promessas de felicidade que ele representa, no nosso mundo cervejas, carros, celulares, representam a comunicação e sorrisos que agora nos parecem tão distantes. Neste mesmo filme os personagens tentam procurar esse ideal de felicidade dentro de suas possibilidades, para André a possibilidade de felicidade em Silvia, é que a possibilidade de estar com ela, está ligado a possibilidade de impressionar com seus bens e posses, nesse ponto por já ter ouvido de garotas que isso lhe era importante, ele não se pergunta se ela não é diferente ou espera algo diferente, para André seus bens já representam algo enorme para a relação mesmo antes de uma relação existir.No caso da Personagem de Marines, vivida por Luana Piovani, ela procura numa relação que lhe trará a estabilidade financeira que ela a tanto deseja, não tem um romantismo, apenas relações interesseiras entre as pessoas, neste ponto Marines seria uma completa anti-heroína, agindo por interesse acima de relações de amor. Dentro daí está Cardoso, que surge no filme já com uma alta promoção para que a garota sentisse que ele tinha uma posição que o tornava mais do que ele é, assim dando a ele condição de estar a altura daquilo que ela exige.Com os exemplos acima se percebe que todos põem a sua situação com seres, intimamente ligada aquilo que eles são em suas vidas, o dinheiro não é mais as coisas que sem pode comprar e esta acima de tudo isso.
Dentro e fora do filme já estamos subjugados.Além do dinheiro temos também algumas características do personagem na pós-modernidade descrita por Jair Ferreira dos Santos, em seu livro “O que é pós-moderno?”. No fato de André aprender as coisas sempre pela metade. Os homens nunca aprendem as informações por inteiro, a máquina de xerox já representa a única maneira do personagem de aprendizado, e que nunca lhe permite uma completa compreensão do mundo.Aqui o Universo do filme já esta exemplificados e demonstrados pelas facetas de um antagonista onipresente (sociedade) e dos personagens que tentam encontrar as formas de sentir-se bem dentro desta sociedade.Agora nós temos dentro do filme as implicações de suas atitudes, no caso de André, ele começa a copiar dinheiro, estabelecendo seu próprio código moral. Os personagens em momento algum do filme são questionados pelas suas atitudes. O homem que copiava reflete uma realidade de um jovem típico brasileiro da classe média baixa na atualidade. A falta de perspectiva laboral, de estrutura familiar, a ditadura do consumismo e o repensar das questões éticas.
Narrador Pós-Moderno e Narrador Clássico segundo Walter Benjamin
André é um jovem que vive com sua avó e trabalha como operador de foto-copiadora, como já foi dito no texto acima, mas também ele é um grande observador do mundo, típico de um narrador pós-moderno que observa tudo ao seu redor, ele chega até a comprar um binóculo para observar o cotidiano das pessoas de sua vizinhança, ele sabia que horas chegavam em casa, horários em que o carro forte passava na agência bancária, pessoas e seus hábitos e muitas outras coisas, ele acabou descobrindo que pessoas gordas dormem tarde, que é comentado por ele no filme. Durante suas noites observando ele acabou conhecendo Silva, apenas observando ela, durante o filme ele fala sobre os hábitos dela, os horários que ela chegava em casa, que quando chegava ia direto para cama, que ficava vendo televisão até tarde e outras coisas a mais sobre ela e o pai dela.Certo dia enquanto ele observava, ele viu Silvia passar pela janela vestindo apenas roupas íntimas, e como ele mesmo disse que aqueles 2 segundos valeram á pena ter esperado uma hora para que acontecesse algo, esse comentário que André faz é um tipo de prazer em apenas na observação do fato, sem ter ao menos um contato físico. André que é um narrador pós-moderno se mostra com um olhar lançado para as coisas, ele durante o filme narra fatos que observa em seu dia-a-dia que poucos poderiam ver.Mas André não é apenas um narrador pós-moderno, pois ele também começa a participar dos fatos que ele tanto observava, ele chega a seguir Silvia, apenas para saber onde ela trabalha, ele começa a participar tanto dos fatos que acaba começando um romance com ela, se tornando também um narrador clássico que em vez de observar ele também vivencia os fatos, o filme passa uma moral que não basta apenas observar tem que vivenciar os fatos para realizar seus desejos e prazeres.
Cópia de uma Cópia e Desenhos
André trabalha com uma máquina copiadora que claro como o nome diz ele utiliza a máquina para fazer cópias de livros desenhos e até mesmo dinheiro. Mas ele não apenas faz cópias usando esse aparelho, ele faz também faz desenhos manuais que é de certo modo uma cópia, mas diferente, o desenho é como se fosse um tipo de cópia do que ele vê ou deseja que fosse, ele ao invés de só copiar coisas em seus desenhos como faz no trabalho, ele também dá o seu toque pessoal, que é como uma visão de mundo dele.

Análise Crítica do filme Amnésia

O filme amnésia é um filme totalmente formativo, longe de ser um filme realista, isso é um dos principais motivos do sucesso desse filme, e também fazendo ele pertencer á teoria formalista, é a sua montagem, uma técnica chama elipse temporal. Apesar do filme ter uma história, ter uma linha do tempo, ele acaba não seguindo, como o próprio nome do filme diz, o filme segue uma linha diferente, com o personagem sofre de amnésia a história é baseada em fragmentos de suas lembranças, através da montagem. O interessante é que se o filme for visto com uma linearidade temporal correta, sem a montagem, acaba sendo um filme chato, não muito da interessante na história de vista dessa forma, mas o filme se torna algo muito interessante e bom através de sua montagem, seria estranho um filme que fala sobre amnésia contar a sua história de forma correta sem a montagem utilizada. Essa técnica da montagem utilizada faz o filme sair completamente da realidade, contrariando os teóricos realistas como Kracauer, Bazin, que queriam que a técnica do cinema trabalhasse em função do realismo no cinema. Essa técnica é interessante se for parar para analisar, se pegarmos um filme realista e contarmos a história do filme como fragmentos ou modificar a montagem utilizada, teremos um filme não realista em parte é claro, ele passa a se tornar formalista nesse ponto de vista, o que vai diferenciar são as outras técnicas utilizadas pelo realismo que se diferem do formalismo. O uso da técnica como o Primeiro Plano ou o Close utilizados no filme muitas vezes para mostrar uma tatuagem ou coisa escrita pelo personagem, causa uma dês-familiarização também, pois apesar de ser uma técnica bastante utilizada hoje pelo cinema mundial, no filme é muito utilizado essa técnica. Mas o principal motivo da dês-familiarização é mesmo a montagem do filme, Eisenstein, Vertov, Arnhein, iriam gostar desse uso da montagem nesse filme, principalmente Eisenstein e Vertov que usaram muito da montagem em seus filmes. Muitos filmes usam esse tipo de montagem, como o filme Pulp Fiction de Quentin Tarantino que usa essa técnica para contar sua história, sem essa técnica o filme não seria tão cultuado e tão interessando como vemos hoje e na época que foi lançado, talvez a melhor coisa que o cinema criou foi a montagem, através dela podemos mudar a história de um filme, podemos contar o que queremos de um assunto, podemos até infelizmente censurar filmes, podemos ate utilizar para mentir sobre um assunto, podendo ser uma arma muito poderosa que o cineasta ou pessoas que trabalhem na área tem nas mãos.